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O crescimento dos seguros de crédito à exportação no mercado em 2022

25.02.2022
O crescimento dos seguros de crédito à exportação no mercado em 2022
- Existem condições para os seguros de crédito à exportação crescerem em 2022? 

Existe claramente espaço para crescimento, o qual é reforçado pela modesta percentagem de penetração no mercado português do seguro de crédito. O surgimento de cada vez mais produtos direcionados para empresas de pequena dimensão, mas também o contexto de grande incerteza relativamente à evolução dos mercados, tem levado a um crescimento na procura de soluções de seguro de crédito. Outro fator interessante que temos verificado, e que poderá ter um efeito positivo na procura destas soluções, passa pela recuperação por parte do mercado europeu de muitas encomendas ligadas ao setor têxtil que estavam a ser produzidas nos mercados asiáticos, sendo que as empresas portuguesas assumem uma posição de destaque neste movimento. Desta forma, prevemos que 2022 seja um ano em que existirá um crescimento significativo no número de novas apólices de seguro de crédito à exportação, mas também para cobertura de vendas no mercado interno.   


 
- Quais dos seguintes constrangimentos poderão afetar os seguros de crédito: tensões políticas; inflação e subida dos juros, quebra nos circuitos de distribuição e alterações climáticas? 

Qualquer um dos constrangimentos referidos poderá afetar positiva ou negativamente o mercado do seguro de crédito, sendo que, no nosso ponto de vista, os aspetos positivos superam claramente quaisquer outros. Contudo, para que os impactos sejam positivos, é necessária a criação e emissão de apólices ajustadas à realidade das empresas e que salvaguardem qualquer eventualidade que possa surgir. Vemos no mercado que nem sempre isso acontece, pois, por vezes, deparamo-nos com apólices totalmente desajustadas e que não salvaguardam nada mais que o mero incumprimento por mora dos clientes, não prevendo qualquer situação atípica do mercado. É aqui que se compreende o importante papel do corretor, o qual tem de ver além daquilo que o mercado permite vislumbrar, colocando às seguradoras constantes desafios que permitam tornar as apólices mais robustas e, assim, garantir que os seus clientes estão verdadeiramente salvaguardados quando um imprevisto surgir.  

 

- O aumento da regulação neste setor faz sentido? 

Em Portugal operam apenas quatro seguradoras de crédito, pelo que o regulador acaba por ter o seu trabalho facilitado. Existe já um controlo bastante apertado de todas as ações realizadas, quer pelas seguradoras quer pelos principais Corretores, que, por norma, dispõem de equipas especializadas nesta área. No entanto, umas das preocupações são as empresas que não têm as valências para estruturar este tipo de produtos em função das necessidades dos clientes e que, assim, colocam em causa todo um sector que tem desempenhado um papel crucial na economia. 




Marcos Polónia, Diretor Crédito e Caução da MDS Portugal 
Publicado no Jornal Económico