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Novos Riscos

Fonte:Jornal Económico12.04.2021
Novos Riscos
Quais são os novos riscos pós-Covid 19
A pandemia ainda está longe de estar debelada, mas é preciso antecipar e perceber o que virá a seguir em termos de riscos. Alterações climáticas, ciberrisco, poupança e proteção à saúde são os temas fortes.
São os designados "long-tail risks" aqueles que vão fazer parte das preocupações dos segurados, dos seguradores e dos resseguradores. Mas também é um negócio de pessoas e que, em parte, está a ser substituído pela digitalização. Refere Ricardo Pinto dos Santos, COO do grupo MDS que "a pandemia contribuiu para acelerar a transformação digital do sector e criar oportunidades de crescimento, impulsionando modelos de negócio mais eficientes e eficazes e novos canais de contacto e venda". Relativamentre à broker MDS foram implementados "sistemas de distribuição híbridos e facilitada a subscrição de produtos, com "a gestão de sinistros mais virtual e robustecemos o compliance para melhor enquadrar a nossa realidade". A saúde tem sido um dos seguros mais procurados, nomeadamente a nível de informação, tendo aumentado as consultas médicas virtuais. Aliás, ao longo de 2020 assistimos à envolvência dos seguradores com a comparticipação nos testes de diagnóstico Covid-19, a dinamização da telemedicina em geral e a extensão dos serviços de medicina online, caso das linhas de apoio online. Ana Mota, diretora de Saúde da MDS Portugal, realça que os seguradores "passaram a suportar parte dos custos dos equipamentos de proteção individual, os EPI, que se tornaram indispensáveis em alguns atos médicos". Adianta que no entanto, a maioria dos seguradores não comparticipou as despesas de hospitalização diretamente relacionadas com internamentos por Covid-19. Duas seguradoras foram exceção: uma de cariz mutualista que não exclui pandemias no seu clausulado, e uma outra que derrogou esta exclusão para a situação concreta dos internamentos por Covid-19 em algumas unidades hospitalares privadas com quem estabeleceram acordos para tal".


Juros baixos impedem rendas vitalícias
O setor segurador pode estimular mais a poupança das famílias. As rendas vitalícias são uma não opção, enquanto se mantiver o nível baixo das taxas de juro.
A poupança é crucial para o crescimento e sustentabilidade da economia. O sector segurador, pelas suas competências e características, deve desempenhar um papel crucial, nomeadamente no que toca ao estímulo e sensibilização para a poupança e, em simultâneo, à disponibilização de produtos de investimento mais atrativos para captar essa poupança. Diz Ana Mota, Diretora de Saúde, Vida e Previdência da MDS Portugal que "os seguradores têm de assumir um papel muito 1 mais dinâmico e investir na educação para a poupança — começando pelas escolas — contribuindo de forma clara para a promoção da literacia financeira. Em termos da oferta, deverão segmentar os produtos por perfil de cliente, desde soluções mais simples, de fácil compreensão e contratação, até produtos sofisticados para investimentos mais avultados e que se pretendem totalmente customizados a cada cliente". Acrescenta que num horizonte de curto médio prazo não é expectável o regresso das garantias vitalícias. Mesmo a longo prazo, não parece que tal tenha grande probabilidade de acontecer. "A manutenção de taxas de juros extremamente baixas, a par dos rácios de capital exigíveis para caucionar a solvabilidade de uma empresa seguradora que ofereça estas soluções, colocam em causa a manutenção e/ ou criação produtos com rendimento e capital garantido. Eventualmente, será viável apenas para produtos com ofertas de garantias de investimento de curto prazo, ou seja, no máximo entre três a cinco anos". 



Ricardo Pinto dos Santos, CEO da MDS Portugal, e Ana Mota, Diretora de Saúde, Vida e Previdência da MDS Portugal
Publicado no Suplemento Quem é Quem - Seguros do Jornal Económico