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As implicações do Covid e da Guerra nos seguros de saúde - O que mudou e o que vai mudar

17.06.2022
As implicações do Covid e da Guerra nos seguros de saúde - O que mudou e o que vai mudar
Vivemos desde 2020 em circunstâncias até aí inimagináveis. 

Na última década o seguro de saúde tem vindo a alterar a sua função, deixando de ter como único foco a doença e passando a apostar na prevenção e cuidados de saúde. Ou seja, o sector evoluiu e deixou de se assumir como um mero pagador de despesas, passando a apostar na prevenção e na criação e disponibilização de serviços complementares para a promoção da saúde e bem-estar. 

A perceção da população sobre utilidade do seguro de saúde também mudou significativamente, sendo hoje considerada uma necessidade pela generalidade da população. Os números atuais apontam para mais de 3,2 milhões portugueses com seguro de saúde e cerca de 1,2 milhões de utilizadores de subsistemas como é o caso ADSE e SAMS. 

Embora, em contexto de pandemia, seja da responsabilidade das autoridades de saúde públicas determinar as medidas de combate à doença e o respetivo controle, o papel do sector privado foi determinante para assegurar a realização de testes e complementar as lacunas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente no tratamento de outras patologias que não Covid. 

Assim, a pandemia veio trazer um novo significado ao Seguro de Saúde. Quase de um dia para o outro, os consumidores aderiram ou intensificaram a utilização dos sites de Medicina online e tiveram acesso a testes de despiste do Covid-19, o que contribuiu para aliviar a pressão junto do SNS.  

Mas esta pandemia - que ainda não terminou - acentuou a tendência de aumentos dos custos com a saúde e, consequentemente, a subida dos prémios deste ramo dos seguros. Por isso, o futuro perspetiva-se com desafios muito significativos. A procura continuará em alta, mas para muitos os consumidores o esforço financeiro vai crescer significativamente. 

Vários fatores contribuem para esta tendência de agravamento dos prémios. Por um lado, regista-se uma conjuntura inflacionista fruto do aumento dos combustíveis e matérias-primas, que com a guerra na Europa vai continuar a pressionar a economia a nível mundial. aliás, mesmo quando não estávamos num cenário inflacionista global já os custos médicos exibiam uma tendência crescente. 

Por outro lado, provocada pela pandemia, assiste-se a um aumento dos custos decorrente da maior utilização do seguro de saúde, fruto da preocupação com a avaliação do estado da saúde (mais exames e consultas de check-ups), e do agravamento das patologias cujos tratamentos em estádios mais tardios implicam maiores despesas de tratamento. 

O envelhecimento da população também implica prémios médios mais elevados, demonstrando as estatísticas que as despesas são muitos superiores nas faixas etárias mais velhas. 

 

Mas nem tudo são más notícias! 

Os serviços associados ao seguro de saúde evoluíram muito e são de extrema importância para controlar custos e melhorar o bem-estar dos segurados. É o caso do acesso a consultas e até exames por telemedicina ou mesmo de alguns tratamentos específicos de fisioterapia que são já hoje disponibilizados por meios remotos. 

Também ao nível do bem-estar têm sido disponibilizadas novas valências, como é o caso da nutrição, incentivos à prática de exercício físico, programas de cessação tabágica ou da aposta ainda mais forte na área da saúde mental e em cuidados domiciliários que começam a ser cada vez mais uma oferta complementar às coberturas padrão de um seguro de saúde. 

Uma outra grande tendência é o crescimento da oferta de Seguros de Saúde, com reforço de capitais especialmente nas coberturas de Doenças Graves (incluindo Oncologia e Doenças Degenerativas). 

O seguro de saúde continua a ser o benefício mais valorizado pelos colaboradores das empresas e um benefício indispensável a nível da oferta de Recursos Humanos na atracão e retenção dos seus ativos, sendo também o principal seguro contratado facultativamente pelas famílias, que sentem a importância de reforçar a sua proteção nesta área, principalmente para fazer face a despesas médicas mais avultadas que possam surgir em caso de doenças graves.   

Em termos de futuro é previsível que a contratação de Seguros de Saúde continue a aumentar pela clara perceção da vantagem da complementaridade ao sistema público, condicionada apenas pela evolução do rendimento disponível das famílias.  

Mais do que nunca a Saúde se assume como o bem mais precioso, mas também cada vez mais oneroso. 




Ana Mota, Diretora de Saúde, Vida e Previdência da MDS Portugal
Publicado no Suplemento Seguros do Jornal Vida Económica