Quando se comercializam mercadorias à escala mundial, o seguro é um aliado fundamental. Cada vez se torna mais necessário possuir uma apólice que responda perante situações de perda ou dano das mercadorias. 

A crise gerada pela pandemia, os novos regulamentos ambientais, os incidentes relacionados com o aumento do tamanho dos navios e a cibersegurança são alguns dos novos desafios que se colocam a quem tem de transportar e segurar mercadorias.      

Todos recordamos o incidente ocorrido em 2021 com o navio "Ever Given” que provocou o bloqueio do Canal de Suez, tendo sido declarada "Avaria Grossa”, obrigando todas as partes implicadas a contribuir proporcionalmente para o pagamento dos gastos necessários para salvar o navio. Foram muitos os proprietários da carga que, por não terem seguro de mercadorias, se viram na obrigação de apresentar, a expensas próprias, as garantias que lhes foram solicitadas para a contribuição na "Avaria Grossa”. É aqui onde percebemos que a importância do seguro de mercadorias vai muito além da reparação das perdas ou danos sofridos pelas mercadorias: com uma apólice de seguros, para além de cobrir os danos sofridos pelas mercadorias, estaria coberta a contribuição dos proprietários da carga para a "avaria grossa”. 

Quando falamos em desafios da atualidade, não devemos esquecer os riscos que são de sempre, mas que se mantêm atuais e, em muitos casos, com um aumento de frequência assinalável. Exemplo desta tipologia de risco é o roubo que tem registado um aumento significativo de ocorrências, nomeadamente em países como Reino Unido, Alemanha, Espanha e Holanda, que são alguns dos principais parceiros comerciais portugueses. 

Muitas vezes o proprietário da carga, o importador ou exportador, o transitário, não fazem o seguro da carga, remetendo para a responsabilidade de quem efetivamente transporta a mercadoria (marítimo, terrestre ou aéreo). Esta opção pode levar a que o proprietário da carga incorra em graves perdas, recuperando apenas uma pequena parte do valor das mercadorias.  

Existe uma grande diferença entre o seguro de transporte de mercadorias e o seguro de responsabilidade. Enquanto o seguro de transporte de mercadorias responde pelo efetivo valor da mercadoria (permitindo ainda a inclusão de uma percentagem adicional para despesas e lucros esperados), a responsabilidade do "transportador” rege-se por diversas convenções internacionais que limitam a sua responsabilidade, o que se traduz normalmente numa indemnização que se limita a um determinado valor por quilograma de mercadorias danificadas ou perdidas. 

O mercado dos seguros de mercadorias está cada vez mais reduzido, especializado e seletivo. A guerra na Ucrânia e a inflação colocam pressão sobre os prémios, mas ainda assim a contratação de um seguro de mercadorias é uma ferramenta de gestão fundamental para quem queira encarar o seu futuro e o do seu negócio de forma mais tranquila e segura.