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Seguro Multirriscos Habitação

21.01.2022
Seguro Multirriscos Habitação
Afinal, para quê subscrever um seguro Multirriscos Habitação? Ao fim de duas décadas a trabalhar no setor segurador não me canso de responder a esta questão. 

Na sua essência, um seguro transforma a possibilidade de ocorrência de um custo variável de proporções desconhecidas, num custo fixo pré-determinado. Por exemplo, um incêndio numa habitação pode causar danos materiais, afetando as paredes e a estrutura, mas na verdade o proprietário sofre, acima de tudo, uma avultada perda financeira, pois, para além da redução do valor patrimonial do seu imóvel, terá que suportar os custos de reconstrução do mesmo. 

A verdade é que, para a maioria das pessoas, em caso de ocorrência de um sinistro que afete severamente a sua habitação, poderá ser extremamente difícil - se não impossível - reconstruir a mesma se não tiver um seguro adequado. O seguro Multirriscos Habitação assume-se, assim, como uma pedra basilar da resiliência da Sociedade como um todo. 

Capital seguro 

Um dos pontos fundamentais a ter em conta na contratação de um seguro Multirriscos Habitação prende-se com a correta determinação do capital seguro, principalmente no que diz respeito ao imóvel.  

Salvo raras exceções, o custo do seguro, o valor de indemnização em caso de sinistro e o limite máximo da responsabilidade do Segurador perante o Segurado são calculados tendo por base o valor de reconstrução indicado na contratação do seguro.  

Se o capital seguro for superior ao valor de reconstrução, terá um custo superior com o seguro sem necessidade. Pelo contrário, se o capital seguro for inferior ao valor de reconstrução, o segurador só paga uma parte dos prejuízos, correspondente à proporção entre o custo de reconstrução/ substituição e o capital seguro definido na apólice, à data do sinistro. 

Franquia 

A franquia é o valor que, em caso de sinistro, fica a cargo do tomador do seguro. Se optar por contratar um seguro com uma franquia mais elevada, poderá reduzir o custo do seguro, mas em cada sinistro terá que suportar despesas superiores àquelas que teria em caso de franquias de menor valor, ou mesmo numa situação de contratação de um seguro sem franquias.  

Coberturas 

Em matéria de coberturas, cada um deverá analisar a sua situação específica, tendo em atenção a gravidade e frequência dos riscos a que está exposto. O apoio de um consultor como a MDS ajudará a definir as coberturas mais importantes para cada caso e aquelas onde deve focar a sua atenção.  

Riscos de elevada gravidade/severidade e baixa frequência de ocorrência, tais como um incêndio ou um evento catastrófico primário (como um sismo), poderão gerar uma elevada perda económica ou resultar na impossibilidade de reconstrução (perda total), pelo que devem sempre estar cobertos por um seguros Multirriscos Habitação. Aliás, existe uma elevada exposição do território português a fenómenos sísmicos, sendo que a questão não é se irá ocorrer um novo evento de elevada magnitude, mas sim quando irá ocorrer.  

Também os riscos de baixa gravidade/severidade, mas que ocorrem com frequência, deverão estar cobertos por um seguro. São os casos, por exemplo, dos atos de vandalismo, furto ou roubo, e danos por água. Quando ocorrem, de forma individual e esporádica não acarretam custos elevados, mas se se verificarem frequentemente, o respetivo impacto económico já poderá ser relevante. 

No intermédio destes dois patamares encontram-se os riscos catastróficos secundários, tais como granizo ou inundações causadas por chuvas intensas, os quais até um passado recente apresentavam baixa frequência e baixa/média severidade, mas devido ao impacto das alterações climáticas são cada vez mais frequentes e severos. 

E são estes riscos secundários aqueles que atualmente mais têm afetado a indústria seguradora, particularmente a nível europeu, na sequência das inundações que ocorreram no ano passado na Alemanha, cujo custo com as indemnizações ultrapassa já os dez mil milhões de euros, o equivalente ao custo de construção de seis pontes Vasco da Gama.  

Complementarmente, os custos de reconstrução e de sinistros têm vindo a aumentar devido aos efeitos inflacionários relacionados com a pandemia, que continuarão por algum tempo até que as cadeias de abastecimento possam recuperar e as pressões inflacionistas diminuir. Isto enquanto se mantém um ambiente de taxas de juro negativas. 

Este cenário está a provocar um endurecimento dos prémios de seguro, dada a necessidade de resultados técnicos sustentáveis por parte dos seguradores - o que aliás se caracteriza como a principal tendência dos mercados internacionais nos últimos anos e que se irá manter em 2022. A dúvida é que reflexo terá este cenário internacional no preço dos seguros Multirriscos Habitação em Portugal. Seja qual for, o seguro é obrigatório, mas acima de tudo, uma necessidade imperiosa.        



Nuno Rodrigues, Diretor de Riscos Patrimoniais e Engenharias da MDS Portugal
Publicado no Suplemento Seguros, do Jornal Vida Económica