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Seguro de Crédito impulsiona exportações

24.07.2020
Seguro de Crédito impulsiona exportações

Como o Seguro de Crédito pode ajudar na recuperação das exportações

 

Quase três meses após a aprovação a nível europeu dos incentivos aos Seguros de Crédito à Exportação, estes chegaram ao tecido empresarial português há poucas semanas. Os nossos parceiros Europeus foram céleres na sua implementação e, enquanto isso, as empresas portuguesas viam os limites de crédito dos seus clientes caírem abruptamente!

O pensamento geral era de que esta demora resultava do facto de estar a ser desenhado algo único, muito positivo para acelerar as exportações, e totalmente diferente do da crise de 2009. A expectativa entre os empresários era enorme.

A forma desenhada para incentivar os empresários a retomar e acelerar as exportações foi a criação do apoio do Estado "Facilidade Curto Prazo OCDE 2020, tendo em mente os países com os quais Portugal realiza mais transações comerciais. O apoio permite um aumento nos limites do seguro de crédito até a um valor igual ao que seguradora está a garantir na apólice "base”, para vendas feitas a empresas localizadas na OCDE. Mais de metade dos destinos das exportações nacionais são para os nossos vizinhos (Espanha, França, Alemanha, Reino Unido e Itália), daí que é importante tentarmos, de forma assertiva e com risco controlado, retomar o normal fluxo comercial.

 

A "Facilidade Curto Prazo OCDE 2020” foi apresentada e, desde logo, começaram a surgir questões operacionais e de enquadramento.

De acordo com a nossa experiência, a taxa média de prémio situa-se entre os 0,4% a 0,5% ao ano, calculada sobre o volume de vendas a crédito.

Mas o apoio estatal atualmente em vigor tem uma taxa trimestral de 0,577%! Ou seja, estamos a falar numa taxa anualizada de 2,308%!

De realçar que é condição obrigatória a adesão no mínimo a um trimestre (0,577%), mas se o prazo de vencimento da fatura (ou crédito em aberto) for, por exemplo, a 120 dias, existe logo a necessidade de permanecer 2 trimestres, ou seja, o custo seria de 1,154%.

 

No entanto, uma coisa é certa: as seguradoras de crédito conseguem reunir em primeira mão uma série de informações e inputs a que mais nenhum outro player no mercado tem acesso, nomeadamente sinais de degradação da saúde financeira das empresas, pedidos de prorrogação de prazos de vencimento por falta de liquidez, pedidos de ameaças de sinistros e, no fim da "linha”, o registo de pagamentos de sinistros em virtude de não pagamento das faturas emitidas.

 

Então, o que devemos fazer?

Se, por um lado, o apoio Estatal da "Facilidade Curto Prazo OCDE 2020” é uma hipótese que pode sair cara, por outro, devemos encará-lo como um "bónus”. Ou seja, devemos ter a apólice de crédito desenhada e negociada por um especialista, salvaguardando no contrato todas as variáveis de risco que a empresa pode ter no seu dia-a-dia nas transações comerciais. Esta consultoria especializada permite maximizar os limites de crédito necessários na apólice "base” e olhar para o apoio estatal como uma forma extra de cobrir o risco.

Cada vez mais empresas estão conscientes das vantagens de beneficiar do apoio de um especialista como a MDS e prova disso foi a que, neste período, a MDS registou o maior volume de novo negócio dos últimos anos na área de crédito.

Este crescimento foi impulsionado por empresas dos sectores tradicionais que nunca tinham trabalhado com o Seguro de Crédito e procuravam um especialista que os ajudasse a montar um produto/apólice eficaz para responder às especificidades da sua operação, e por grupos de grande dimensão que quiseram emitir novas apólices para empresas do grupo que ainda não tinham.

Adicionalmente, aumentou também o interesse de atuais clientes, que passaram a ter necessidades de tesouraria. Nestes casos, a MDS está a ajudar a montar soluções de "cedência da apólice” à banca como garantia de empréstimos e/ou linhas de apoio.

 

Em conclusão, a pandemia veio trazer novos cenários e tendências, que obrigam a alterações no dia-a-dia das empresas portuguesas e onde as que estiverem melhor preparadas têm maior probabilidade de superar os desafios.




Marcos Polónia, Credit & Surety Director na MDS Portugal
Artigo publicado no Jornal Vida Económica