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Relevância da Poupança e Educação Financeira

20.11.2020
Relevância da Poupança e Educação Financeira
A dicotomia entre o querer poupar e fazer com essa poupança aconteça resulta de um misto de iliteracia e de falta de consciência para o tema. Dados recentes da Pordata, relativos a 2019, referem que a poupança das famílias portuguesas, em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), é metade da registada na Alemanha, França ou Suécia. Existem várias falhas ao nível da educação financeira que contribuem para esta situação. Por um lado, o Estado continua a dar ideia de que pode colmatar as necessidades das famílias sem restrições, não dando estímulos à poupança nem promovendo a literacia financeira nas escolas. Por outro lado, as famílias, muitas vezes, não transmitem a necessidade de poupar, antes pelo contrário, estimulam o consumo e o endividamento. Por exemplo, as pessoas não estão conscientes de que deviam, desde que iniciam a sua atividade profissional, começar a constituir o seu plano complementar de reforma. E toda a restante sociedade, nomeadamente os agentes relacionados com a poupança, tem sido pouco ativos ou, pelo menos pouco eficiente na transmissão da mensagem.

Investir em produtos do mercado segurador tem vantagens muito importantes, principalmente em investimentos de médio e longo prazo. Antes de mais, os seguros de poupança destacam-se pela segurança, pois o mercado é fortemente regulado o que proporciona um nível de proteção elevado das aplicações. Depois, as entregas para Planos Poupança Reforma e Fundos de Pensões proporcionam benefícios fiscais, bem como usufruem de uma tributação mais favorável dos rendimentos.

O setor segurador tem sido criativo nas suas campanhas, mas nem sempre a mensagem chega aos aforradores. Antes de mais, tem de existir uma recetividade por parte dos consumidores, o que só é possível com uma verdadeira cultura de poupança e de seguros. O Estado devia desempenhar aqui um papel fundamental, mas face à falta de políticas públicas ativas de promoção da poupança, o setor segurador tem de ser mais ativo e ganhar visibilidade na sociedade, começando por uma maior aposta na educação financeira dos mais jovens, com a criação de programas específicos sobre poupança e investimento. Por outro lado, a educação é essencial para mudar atitudes no futuro, mas sem dúvida que os benefícios fiscais são importantes para promover a poupança de forma mais rápida e imediata.


Ana Mota, diretora de Employee Benefits da MDS Portugal
Publicado no Jornal Económico, Fórum de Seguradores e Consultoras