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Paradigma da Mobilidade e Insurance on Demand

26.07.2021
Paradigma da Mobilidade e Insurance on Demand
Se Shakespeare fosse nosso contemporâneo, muito provavelmente a sua célebre sentença seria reescrita como "Ser inteligente ou não ser inteligente, eis a questão”. E de fato, à medida que a sociedade avança pelo século XXI, caminha-se para a universalidade da inteligência. Os telemóveis são inteligentes, os televisores são inteligentes, as casas são inteligentes, o artificial adquire inteligência e até as cidades pretendem-se inteligentes. 

 

E o que define uma cidade como inteligente? 


A nível europeu, a definição aceite para cidade inteligente prende-se com o conjunto de sistemas e pessoas que interagem entre si de forma inteligente e sustentável, recorrendo à tecnologia atual e futura (5G, Internet das coisas, etc.), como alavanca para uma qualidade de vida superior dos seus cidadãos e para a sustentabilidade dos espaços. 

De facto, a temática da sustentabilidade, principalmente no que toca a cidades, é cada vez mais importante. Com base nas estatísticas atuais, 5 em cada 10 leitores deste artigo muito provavelmente vivem numa cidade. E nos próximos 30 anos, as previsões estimam que 2 dos 5 leitores que ainda habitam hoje no campo, migrem para grandes centros urbanos.  

 Contudo, à medida que a população nas cidades cresce a nível mundial, aumenta a pressão sobre os sistemas de transporte público e o congestionamento nas vias públicas e rodoviárias. Tal pode ter um impacto prejudicial sobre o meio ambiente, além de tornar mais difícil a movimentação nas cidades e centros urbanos. Assim, é necessária uma profunda alteração de paradigma no que respeito à mobilidade, que se deseja sustentável e inteligente, pilar essencial de qualquer ecossistema urbano. Cada vez mais os cidadãos procuram meios de deslocação ditos alternativos, mais ecológicos e flexíveis, particularmente para deslocações naquilo que é agora referido como "last mile”, isto é, e adaptando à realidade portuguesa, o último quilómetro até chegar ao trabalho, casa ou outro local. Recentemente surgiu ainda o conceito das cidades de 15 minutos. 

Ciclovias, corredores pedestres, soluções de carsharing e soluções de micro mobilidade baseadas numa variedade de veículos pequenos e leves que geralmente são partilhados entre utilizadores, começam a ser uma realidade em inúmeras cidades.  

O futuro será da Mobilidade como um serviço, sustentada por parcerias e ecossistemas. 

 

De que forma os seguros estão a acompanhar estas tendências? 

É expectável que as tendências de mobilidade partilhada contribuam para a génese de soluções de seguro focadas na pessoa e não no veículo, como se verifica atualmente. 

Estas soluções inovadoras de seguro explorarão as propostas de mobilidade centradas no utilizador, garantindo a sua proteção ao longo dos trajetos multimodais e tendo por base coberturas tais como acidentes pessoais, furto ou roubo do meio de deslocação, furto ou roubo de objetos particulares, e responsabilidade civil. 

Por outro lado, as cidades inteligentes e todas as interações que as pessoas terão com todas estas soluções de mobilidade, pressupõem uma utilização intensiva dos dispositivos eletrónicos como smartphones, tablets e outros, que passarão a ser indispensáveis no dia-a-dia das pessoas. Esta situação torna também essenciais os seguros para a proteção e assistência a este tipo de equipamentos. 


Tal como nos filmes de ficção científica, podemos imaginar estas soluções inovadoras de seguro como um autêntico "escudo de força” invisível que protege o Segurado enquanto se desloca para algum local que não a pé ou por via do seu automóvel particular. 

 

Insurance on Demand 

O modelo de contratação dos seguros irá naturalmente evoluir para modelos tarifários tecnologicamente avançados suportados por big data e algoritmos de inteligência artificial, que transformarão profundamente o paradigma de relacionamento entre seguradores/corretores e os clientes. É agora possível a ativação-quando-pedido, conhecida como Insurance on Demand, da sua proteção de seguros em qualquer local e em qualquer altura.  Bastará para tal um simples clique numa app que recorra a tecnologia GPS.   

Esta tecnologia já existe e está disponível. A MDS foi pioneira ao introduzir no mercado nacional o primeiro seguro de Responsabilidade Civil de contratação "Insurance on Demand” específico para drones, a Flysafego, o qual está suportado numa aplicação móvel.  

A crescente implementação destes novos modelos terá um grande impacto para os clientes. Pagarão um prémio de seguro personalizado, calculado dinamicamente em função das suas deslocações. Passarão também a usufruir de assistência automática em caso de sinistro, a qual pode inclusive ser ativada nos segundos após a ocorrência. Serão tempos do seguro instantâneo, onde inclusive os clientes verão as suas indemnizações de sinistro processados num breve espaço de tempo após a sua ocorrência. 

Mudanças radicais a nível económico, político e tecnológico obrigam a indústria seguradora a questionar paradigmas, procedimentos e a ir em busca da inovação. Ao longo da história, o seguro existiu para apoiar a inovação, fornecendo uma proteção contra o risco. A MDS, enquanto multinacional líder na consultoria de seguros e risco com grande proximidade dos clientes, está numa posição privilegiada para desenvolver novas iniciativas e soluções adequadas às necessidades específicas de cada um. Seja em que direção que o ser humano caminhe, podem contar sempre com a MDS. 



Nuno Rodrigues, Diretor de Riscos Patrimoniais e Engenharias da MDS Portugal
Publicado na Revista Aspetos