O seguro de crédito como solução para as ameaças da geopolítica e o apoio do banco de fomento

Os bons gestores têm um grande "segredo”, conseguem de forma racional e objetiva, transformar ameaças em oportunidades. Por isso, muitos aproveitaram épocas e momentos de "crise” ou "ameaças”, como uma oportunidade única, para começar um novo ciclo.
Por exemplo, no setor do calçado (sector tradicional português), sabemos que 9 em cada 10 pares de sapatos no mundo são de origem asiática (a China representa 54%, sendo o maior produtor mundial). Assim, com o incremento abrupto das tarifas norte-americanas aos países asiáticos estes países vão ter de direcionar as suas exportações para outros mercados, podendo assim afetar gravemente as empresas portuguesas nos mercados para as quais exporta.
Analisando este pressuposto, que é transversal a muitos outros setores no tecido empresarial português (as únicas exceções que existem "para já” são: Cortiça, Aeronaves, alguns Produtos Farmacêuticos e Produtos Petrolíferos), sabemos o quão importante é ter uma ferramenta de apoio à gestão, como é o Seguro de Crédito. As empresas portuguesas vão ter cada vez mais concorrência das empresas asiáticas, e vão ter de procurar novos clientes. A procura de novos clientes traz muitas vezes a incerteza do cumprimento do pagamento atempado.
Se há variável que a economia não gosta é da incerteza, e é exatamente esse o momento que estamos a viver. Esta incerteza económica traz consigo um velha e conhecida "amiga” que é a prudência. Tenho a certeza que os diretores financeiros, e em particular os empresários/acionistas (pois é ao "bolso” destes últimos que o incumprimento dos seus clientes afeta) estão atentos aos sinais do mercado, e sabem que existe no Seguro de Crédito uma mais-valia não só de indemnização num cenário de incumprimento, mas também uma fonte de informação das alterações da saúde financeira das empresas (por via dos limites de crédito), assim como um importante apoio durante todo o processo de recuperação da dívida (num cenário de sinistro).
Outra variável a ter em conta no apoio ao tecido empresarial é Banco de Fomento que é hoje uma excelente instituição ao serviço da economia portuguesa.
Tem um papel muito importante no financiamento da economia real não só através dos empréstimos diretos (que começaram agora a ganhar expressão), mas também com a criação de instrumentos de garantia, que permitem às empresas ir à banca buscar até 6,5MM€ de empréstimos com taxas de juro mais favoráveis.
O Banco de Fomento vai também começar a disponibilizar seguros de crédito à produção e à exportação, o que para o tecido empresarial é muitíssimo importante pois têm no Banco de Fomento um parceiro credível e com o qual podem contar. Outra das missões é apoiar a construção de habitação a custos controlados, financiar os grandes projetos de alta velocidade ferroviária, e ainda está a liderar a candidatura de Sines a uma Mega Fabrica de IA (Inteligência Artificial) que terá o apoio da União Europeia, caso seja este o projeto vencedor. Daí ter de ser dado o devido mérito ao atual Presidente Executivo do Banco português do fomento, Gonçalo Regalado.
Iniciaram pela simplificação e digitalização, colocando o banco ao serviço das empresas. Num anterior processo de candidatura existiam 27 documentos para apresentar, hoje com apenas 5 as empresas conseguem apresentar uma candidatura, ter uma resposta em 10 dias (uma pré aprovação), o que antes demorava 49 dias! Avaliam as contas das empresas e dão uma "garantia digital pré aprovada” que a empresa pode "descontar” em qualquer banco comercial.
O Banco de Fomento o que fez com as sociedades de garantia mútua foi dizer aos empresários que o poder era deles, para investirem nas suas empresas, pelo futuro dos seus colaboradores, pela sua cidade/região, pelo nosso País! E os bancos comerciais estão a responder positivamente. Isto sim é inovação, acrescentar valor, e incide também no apoio em Linhas de Seguro de Crédito à Produção e à Exportação!
Ao contrário do que acontece noutro tipo de seguros, no Seguro de Crédito existe uma monitorização constante da carteira de clientes cobertos pela apólice, com alertas importantes caso existam alterações relevantes, por exemplo, atrasos nos pagamentos dos clientes. A deteção em tempo útil destas mudanças permite uma gestão dos riscos mais eficaz e uma intervenção atempada.
A par dos alertas sobre a degradação das condições de pagamento dos clientes, após a comunicação da ameaça de sinistro, os seguradores também efetuam todos os procedimentos de gestão de cobrança, assim como o enquadramento de cenários de créditos litigiosos.
No cenário em que se revela impossível proceder à recuperação da dívida, o segurador procederá ao pagamento da indemnização nos moldes previstos na apólice, após decorrido o período de mora.
No mercado português também tivemos inovação. Tivemos, pela primeira vez, uma seguradora de crédito em Portugal a inovar, e a criar a proteção contra o furto de identidade, um fenómeno que se verifica cada vez com maior frequência e que tem por base uma utilização fraudulenta dos dados pessoais por parte de terceiros, com recurso a usurpação de informação (maioritariamente das empresas que têm uma capacidade financeira saudável e que honram os seus compromissos).
Esta fraude tem uma correlação direta com o comércio online e representa já uma ameaça também para o tecido empresarial. Esta cobertura é uma característica diferenciadora que acrescenta ainda mais valor ao produto/serviços do Seguro de Crédito.
Em conjunto com as seguradoras, a MDS - como consultor de seguros e risco - pela sua visão global e o profundo conhecimento da realidade dos seus clientes, desempenham um papel fundamental reforçando a equipa de gestão de risco das empresas, ajudando estas a "desenhar” a melhor forma de salvaguardar as dividas de terceiros.
O grande objetivo é proporcionar aos empresários e gestores um apoio especializado na Área de Crédito e Riscos Financeiros, desenvolvendo um trabalho de consultoria de forma a auxiliar as empresas a adequar e melhorar o equilíbrio de produtos e soluções de Seguro de Crédito. Concluindo, o grande "segredo” hoje é a procura de novos clientes/mercados, com o apoio do Seguro de Crédito!Escrito Por: Marcos Polónia - Diretor de Crédito e Caução da MDS Portugal
Publicado no Vida Económica

