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O futuro da saúde

28.03.2022
O futuro da saúde
O setor da saúde para os seguradores é desafiante perante o expetável aumento dos prémios médios, diz Ana Mota, diretora da Área de Benefícios da MDS. "São diversos os fatores que contribuem para esta tendência. Antes de mais, o aumento generalizado da inflação nos custos médicos, que se antevê superior à inflação geral, irá inevitavelmente repercutir-se no preço dos seguros”.  

A contribuir para o aumento dos custos salienta-se também "a maior utilização do seguro de saúde, resultante da preocupação provocada pela pandemia bem como do agravamento das patologias, cujos tratamentos, em muitos casos suspensos ou adiados por causa da referida pandemia, tenderão a ser mais prolongados”. Refere a gestora que "há ainda o impacto do envelhecimento da população, que se reflete no aumento das despesas com cuidados de saúde.  

Numa nota mais positiva, a evolução dos seguros neste ramo deverá passar pela integração de mais coberturas, como são os casos da saúde mental e dos cuidados domiciliários (como, por exemplo, da enfermagem e da fisioterapia). É também expectável um incremento das assistências por via digital (medicina online), contribuindo para um melhor serviço ao cliente e para uma maior eficiência operacional”.  

Refere ainda Ana Mota que para além da continuidade dos avanços nos tratamentos oncológicos, os principais desenvolvimentos terapêuticos "devem verificar-se ao nível dos tratamentos das doenças neuromusculares e degenerativas que acarretam elevados custos terapêuticos e sociais. As terapêuticas de prevenção serão igualmente outra aposta na área da investigação médica”. E no uso dos seguros de saúde é percetível que houve uma alteração dos hábitos dos portugueses e esse novo comportamento verificou-se a dois níveis.  

Diz Ana Mota que, por um lado, assistimos a maior preocupação com a saúde, o que se refletiu no aumento da procura por cuidados de saúde, nomeadamente nos exames de diagnóstico de prevenção. Por outro, registou-se uma maior afluência aos hospitais privados por dificuldades acrescidas no acesso aos serviços públicos”. E é claro que haverá agravamento nos preços e mais: "A conjugação do agravamento dos custos com a saúde, da maior frequência de utilização dos serviços de saúde e do envelhecimento da população têm impactos significativos que induzem um inevitável aumento do preço dos seguros”, refere a mesma fonte. As doenças do século já sabemos que são para além das oncológicas, cardiovasculares e diabetes, que continuam a ser predominantes, as doenças neuromusculares, nomeadamente as degenerativas, são cada vez mais expressivas e tem um grande impacto nos custos com a saúde. As doenças do foro respiratório provocadas por novos vírus (com alta probabilidade de gerar novas epidemias) e bactérias (cada vez mais resistentes aos antibióticos) são também uma preocupação crescente, diz Ana Mota. E o aumento da longevidade tem levado à inclusão de novas valências, como as de assistência ambulatória (enfermagem, fisioterapia) e de consultas de geriatria na medicina online. Um último tema de referência na saúde é as exclusões.  

Diz a gestora da MDS que existem duas possibilidades: "Produtos com mais exclusões, mas menos onerosos ou mais limitados no acesso (por exemplo, circunscritos a uma rede hospitalar), ou produtos com opções mais abrangentes, mas mais caros. Dependerá muito da complementaridade e articulação que vier, ou não, a existir entre os prestadores de cuidados de saúde púbicos e privados”.  



Ana Mota, Diretora de Saúde, Vida e Previdência da MDS Portugal
Publicado no Suplemento Quem é Quem - Seguros do Jornal Económico